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"Quentura, a poesia arrasadora"

  Ignácio de Loyola Brandão

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" O filme de Mari, em apenas 36 minutos, é daqueles que nos incomodam com sensibilidade, ao mostrar grupos de mulheres tenazes trabalhando na lavoura amazônica, revelando a força de um povo que, com seus hábitos, costumes, suas crenças e sua maneira de viver secular nos diz: estamos conservando a floresta para que todos sobrevivam." 

Filme comovente e estridente de uma mulher lúcida, mostrando a força das mulheres. Delas depende a subsistência das comunidades. Plantam mandioca, abacaxi, pimentas, palmeiras, coqueiros, fazem farinha, goma, tapioca. Calçadas com havaianas caminham por dentro da floresta, que parece se render a elas. “Nascemos, crescemos, vivemos, aqui vamos morrer”, dizem.

Mas o que vem explícito é a questão do clima, cada vez mais quente, mudando o calendário de séculos, na regência dos plantios e na organização de uma agricultura em que tudo se sabia pela lua, pelo vento, pelo sol, ou nuvens, da chegada da chuva, do inverno, do verão, enfim a máquina imutável que regia tudo, e agora não existe mais.  Mudança de clima, desmatamento, queimadas, fumaça durante meses, trazendo doenças, problemas de respiração, gafanhotos, larvas, pragas. Essas mulheres, em depoimentos simples e arrasadores, testemunham: “ Estamos aqui para defender a floresta, porque sem ela não sobreviveremos, nem os humanos viverão” . Um filme sobre heroísmo, determinação, afeto, ternura, humor, canções.

Leia o texto na íntegra no jornal Estado de São Paulo, 14/9/2018 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,quentura-a-poesia-arrasadora,70002501383

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